TEATRO CRISTÃO E A CULTURA BRASILEIRA

Vocês já notaram que nossas igrejas quase não se lembram de comemorar a abolição da escravatura? Comemoramos por meio de peças teatrais dia das mães, dia das crianças, dia dos namorados... Como peças teatrais com esses temas são solicitados!!

Parece que algumas outras datas comemorativas não têm relevância nenhuma para as igrejas e para os artistas cristãos. O povo judeu comemora sua saída do Egito, a sua libertação da condição de escravos e nós brasileiros cristãos pouco damos importância à nossa liberdade manifestada na Lei Áurea.

Comemoramos e celebramos a libertação de um outro povo, de outra nação, mas a nossa história ignoramos por completo. Será que é porque nós desta geração não vivenciamos a escravidão? Ou será porque nem todos são negros, nem afro descententes e por isso não se identificam e não valorizam  essa causa?

Por que celebramos apenas nossa libertação espiritual? Deus estabeleceu que o povo celebrasse a saída do Egito também como um feito social.

 O que ocorre na nossa sociedade há sim um grande agir de Deus!! Por que não conseguimos ver que na abolição da escravatura Deus também libertou o povo brasileiro? Só porque não atravessamos o mar vermelho?! Só porque não vimos pragas sendo jogadas sobre o opressor?! Se não houve manifestações sobrenaturais na história brasileira então Deus não estava presente na luta do escravo brasileiro?!  Será que conseguiríamos libertar nossa sociedade da escravidão se não fosse com a ajuda do Senhor?

Talvez se Deus tivesse aberto o rio Amazonas para o povo atravessar... Se Deus tivesse mandado seca para o senhor de engenho, se Deus apenas tivesse mandado pragas para as lavouras de cana... Se Deus tivesse mandado enchentes e inundações para o capataz deixar os escravos irem adorar a Deus nos quilombos....

Por que não reconhecemos o agir de Deus na história do Brasil? Celebrar apenas o que Deus fez por outros povos e não darmos louvor, honra e glória ao que Ele fez por nós, não seria ingratidão? E queremos mesmo que Deus mude a nossa nação? Por que Deus faria algo por nós brasileiros se não sabemos reconhecer os atos já feitos por Ele em nosso favor? Ah se não fosse pela graça e pela misericórdia...

Você sabia que hoje, dia 13 de maio comemora-se a Abolição da Escravatura? A princesa Isabel formalizou a abolição da escravatura por meio da Lei Áurea no dia 13 de maio de 1888.

A sua igreja, o seu grupo de teatro lembrou-se de preparar alguma coisa para celebrar a Deus, e conscientizar a platéia deste fato histórico este ano?

Não... A Abolição da Escravatura não está nas nossas agendas. O dia das mães sim, o dia dos namorados sim... Mas nossa libertação.... Que importância teve?

Poderia citar aqui também o dia que o Brasil deixou de ser colônia de Portugal como tema para peças teatrais e temas para cultos em nossas igrejas. Por que não vemos Deus nesses feitos?

Por que quando nos convertamos a Cristo sentimo-nos mais cristãos ou mais judeus do que brasileiros? Passamos a nos espelhar apenas como descendentes de Abraão e anulamos nossa real  cidadania, esquecemos da nossa história como nação.

Quando Jesus foi para cruz ele trouxe para Deus todos os povos e nações, Jesus não tornou todas as nações em uma só. Ou seja, Deus nos chama como brasileiros, como japoneses, como angolanos, nos chama com nossa história, com nossa nacionalidade.

“Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro.” (Apocalipse 7: 9-10)

Porque consideramos a história do povo hebreu como a única digna a ser contada? Por que não manifestamos artisticamente também, o que Jesus fez pelos brasileiros?

 Sem perceber ainda não entendemos que Jesus veio para outras nações além dos judeus, não entendemos como a graça conquistada na cruz alcança todas as nações. Vivemos ainda artisticamente no período da Lei, inconscientemente achando que Deus só aceita a cultura judaica como expressão de louvor e honra a Ele.

Até quando valorizaremos ritmos judaico e consideraremos profano, abominação nossos ritmos, nossa melodia, nossa cor, nossa história, nossos contos, nossa poesia?

Por que não temos conseguido levar o reino de Deus para o povo brasileiro a partir da própria cultura brasileira? Jesus teria levado o reino de Deus aos judeus com alguma cultura que não fosse a deles próprios? Temos muito o que aprender com Jesus sobre darmos valor a nossa própria cultura.

Quero aqui honrar primeiramente ao Senhor que venceu a escravidão na cruz, conquistando no mundo espiritual o poder de sermos livres em todos os níveis, incluindo no social, que para os brasileiros teve sua expressividade no dia 13 de maio de 1888.

Quero também celebrar a beleza da cultura negra existente no nosso país. Lembrando que a ONU estabeleceu 2011 como sendo o ano dos Afro descendentes. E que O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), lançou, no final do ano passado, a campanha “Por uma infância sem racismo”.

Temos mais do que nunca oportunidade de estabelecermos 2011, como sendo o marco inicial de um  teatro cristão, teatro gospel, teatro sacro, teatro evangélico que exalta os feitos de Deus em nossa cultura, que enxerga a beleza de como o reino de Deus se manifesta  em terras brasileiras.

Termino minhas ações de graça e louvor ao Senhor porque Ele já tem levantado artistas cristãos, que por meio da música, da dança, do teatro não abandonaram o Brasil, não buscaram terras estrangeiras, permaneceram aqui com nossa cultura, exaltando o Senhor com tudo que ela é e tem para oferecer!

Deixo uma peça de teatro cristão, chamada Escravidão caso sua igreja deseje relembrar o que o Senhor conquistou por nós na cruz.

Um abraço

Emiliane Saraiva